Por Manuela Paula Marques
As mudanças e transformações a nível económico, político, social e cultural acontecem a um ritmo vertiginoso nas sociedades contemporâneas. Esta ideia, muito divulgada quando se pretendia falar, designadamente, das mudanças esperadas para o séc. XXI, tornou-se fraca de sentido no momento em que o Mundo se deparou com a pandemia gerada pela Covid 19.
O Mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) de que tanto se falava ganhou outra dimensão e a mudança é agora uma variável incontornável das organizações que precisam urgentemente de ter as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios.
É necessário reinventar negócios, alterar estratégias, encontrar novos mercados e, ao mesmo tempo e de forma generalizada, mudar de paradigma na Gestão de Recursos Humanos, atribuindo à gestão das pessoas uma maior relevância no seio organizacional.
Sendo o conceito de Gestão de Recursos Humanos relativamente recente - nos finais do século XIX e meados do século XX, falar de Recursos Humanos (RH) numa empresa significava contratar, demitir e supervisionar os trabalhadores - é nas décadas de 1980 e 1990, aquando as grandes pressões económicas, que surge a consciência de que as empresas e os indivíduos enfrentam uma crescente e definitiva competição globalizada. Desenvolvem-se os conceitos de gestão estratégica de RH e passa a ser dada relevância ao alinhamento entre os objetivos de gestão de recursos humanos e os objetivos estratégicos da empresa.
Lançadas as bases para a transformação dos RH num parceiro estratégico que ajuda a garantir o sucesso e a aumentar a capacidade produtiva da empresa, os temas relacionados com a gestão de pessoas e a liderança passam a suscitar um maior interesse por parte dos empresários e líderes.
Chegados ao século XXI, num mundo VUCA e com a necessidade incontornável desenvolver a economia num contexto de enorme adversidade e incerteza como o que estamos todos a viver, os nossos líderes têm um grande papel a desempenhar!
É tempo, mais do que nunca, das empresas se assumirem como construtoras do progresso humano, como estruturas agregadoras e resilientes e, acima de tudo, como organizações conscientes!
É indispensável a implementação de planos de transformação digital e a assumpção da empresa como organização de aprendizagem. A diversidade e a inclusão mantêm-se na ordem do dia e incentivar o crescimento da força criativa e produtiva das empresas tem que ser um objetivo diário.
E como fazer? Como actuar?
Praticar uma liderança transformacional, focada no crescimento dos Colaboradores da empresa.
Entre outras ações, cabe aos líderes ouvir as suas pessoas e atentar no clima organizacional que a sua empresa encerra, fazer a gestão do talento das suas equipas, com aplicação de ferramentas já conhecidas mas ainda pouco utilizadas como, o employee experience, o feedback construtivo.
A comunicação interna e externa é agora, e de forma generalizada, sentida como uma ferramenta muito poderosa e que os líderes têm que saber utilizar.
O mundo de hoje veio trazer novos desafios e exigir aos líderes e empresários a repriorização de planos talvez já pensados a médio prazo.
Falamos do teletrabalho, por exemplo, que imposto no cenário Covid 19 parece ter vindo para ficar e que permitirá (logo que o atual contexto o permita também) atingir um outro objetivo que é o de proporcionar um maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal dos Colaboradores.
Podemos também falar do tema comunicacional e da implementação de estratégias de alinhamento entre a imagem interna e externa das empresas a que temos assistido no tecido empresarial português.
Vemos diariamente exemplos da crescente preocupação de sustentabilidade ambiental.
Os nossos líderes terão que fazer a mudança num mundo VUCA e adverso e esta mudança é essencial para a transformação das empresas em organizações conscientes e transformacionais!
E uma das reflexões que retiramos do atual contexto de pandemia é a de que “somos todos um”, a nossa ação influencia quem está ao nosso lado e vice-versa (numa coisa tão simples e básica como respirar) e isto aplica-se à comunidade, às empresas, ao país e ao Mundo.
Transpondo para os líderes, à sua responsabilidade acresce esta tomada de consciência. Porque todos interessam, todos têm o seu valor. Estamos todos ligados.
Sabemos que não se ultrapassam crises e adversidades sem aceitar a conjunctura e adaptar a estratégia. O marinheiro depende do vento e, por isso, tem que o aceitar, ajustar a estratégia e manter a tripulação focada e coesa.
E é num mar revolto que se fazem os bons marinheiros da liderança…